Junto
da fotografia reparou ainda num pequeno pedaço de pedra. Dizia “menina do
papá”. Um sorriso com uma pequena gargalhada surgiu naquele momento. Lembrava-se
das brincadeiras que Anita tinha com o pai. De como este a tratava e da forte
ligação que eles tinham. Eram como amigos acima de tudo e Anita confiava imenso
nele. Tinha todas as certezas que Anita gostaria de ter aquilo escrito porque
tinha imenso orgulho em que lhe chamassem “menina do papá”. Por último olhou
para a jarra. Estava cheia de rosas brancas. Estavam completamente abertas,
lindas, como se tivessem acabado de ser postas.
Enquanto os olhos percorriam tudo em sua volta sentiu passos atrás de si, a
encaminharem-se na sua direcção. Olhou sobressaltado e reparou que era Ricardo.
Este chegou perto de Pedro e sem dizer nenhuma palavra sentou-se a beira dele.
Ali ficaram os dois longos minutos num silêncio enternecedor.
- Venho aqui todos os dias Pedro. Fico aqui horas e horas a olhar para a minha
menina. As vezes não acredito nisto tudo e fico a pensar que ela vai entrar
pela porta de casa e atirar-se para as minhas costas. Porque é que ela me foi
fazer isto? Eu nunca fui mau com ela. Nunca lhe bati. Sempre a ouvi e lhe dei
tudo. Fui amigo dela. Era a minha menina. A minha menina.
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