“Até ao
momento sem explicação, Anita Vaz Gomes, 18 anos, foi encontrada morta perto de
sua residência num pequeno mato, vítima de suicídio por enforcamento, na tarde
de segunda-feira passada (8), na Rua São João, no bairro do Bananal, parte alta
da capital. As causas ainda se mostram desconhecidas mas tudo aponta para uma
depressão. As investigações até ao fecho desta edição prosseguem.”
António percorria o olhar sobre o jornal ainda entristecido com tudo o que
estava acontecer em volta da pequena vila. Conhecia Anita, os pais eram seus
amigos. Tinha acompanhado o seu crescimento. Nem que lhe dissessem em tempos atrás
que tal fosse acontecer ele iria estar preparado ou até mesmo conseguido
acreditar. O sorriso com que o brindava todos os dias na entrada da escola
aparentava uma adolescente feliz. “Porque é que ela fez isto?” Constantemente se
questionava e de nenhuma forma parecia haver resposta.Enquanto
isto, no hall de entrada a porta acabara de bater com um som capaz de abanar a
casa inteira. António desvia o seu olhar na esperança de apenas com um pequeno
esforço de pescoço conseguir visualizar quem tinha entrado. Era Pedro, seu
filho. Desde que se soube da morte de Anita que Pedro tinha mudado a sua
atitude. Andava revoltado, ansioso. Respondia mal aos pais e as ultimas
informações por parte da directora de turma mostravam ausências contínuas nas
aulas, faltas de educações aos professores e uma queda nas notas. O pai não
conseguia manter um diálogo com ele e isso só o enfurecia, queria ajudar e não
conseguia, sentia-se impotente. A psicóloga tinha recomendado que o deixasse a
pouco e pouco perceber tudo o que tinha passado. “Paciência senhor António, o
seu filho sofreu uma perda muito grande e traumática, tem que lhe dar espaço.
Não seja bruto com ele nem o pressione para que fale consigo. Ele tem que levar
o tempo dele.”
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