sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

“Até ao momento sem explicação, Anita Vaz Gomes, 18 anos, foi encontrada morta perto de sua residência num pequeno mato, vítima de suicídio por enforcamento, na tarde de segunda-feira passada (8), na Rua São João, no bairro do Bananal, parte alta da capital. As causas ainda se mostram desconhecidas mas tudo aponta para uma depressão. As investigações até ao fecho desta edição prosseguem.”
António percorria o olhar sobre o jornal ainda entristecido com tudo o que estava acontecer em volta da pequena vila. Conhecia Anita, os pais eram seus amigos. Tinha acompanhado o seu crescimento. Nem que lhe dissessem em tempos atrás que tal fosse acontecer ele iria estar preparado ou até mesmo conseguido acreditar. O sorriso com que o brindava todos os dias na entrada da escola aparentava uma adolescente feliz. “Porque é que ela fez isto?” Constantemente se questionava e de nenhuma forma parecia haver resposta.
Enquanto isto, no hall de entrada a porta acabara de bater com um som capaz de abanar a casa inteira. António desvia o seu olhar na esperança de apenas com um pequeno esforço de pescoço conseguir visualizar quem tinha entrado. Era Pedro, seu filho. Desde que se soube da morte de Anita que Pedro tinha mudado a sua atitude. Andava revoltado, ansioso. Respondia mal aos pais e as ultimas informações por parte da directora de turma mostravam ausências contínuas nas aulas, faltas de educações aos professores e uma queda nas notas. O pai não conseguia manter um diálogo com ele e isso só o enfurecia, queria ajudar e não conseguia, sentia-se impotente. A psicóloga tinha recomendado que o deixasse a pouco e pouco perceber tudo o que tinha passado. “Paciência senhor António, o seu filho sofreu uma perda muito grande e traumática, tem que lhe dar espaço. Não seja bruto com ele nem o pressione para que fale consigo. Ele tem que levar o tempo dele.”

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