segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Era uma terça-feira. Chovia imenso e a temperatura tinha descido drasticamente nos últimos dias. O som da campainha ecoou pela casa. Só Joana estava em casa e dada a sua inexistente vontade em receber visitas o som continuou a ecoar infinitas vezes.
-Mas quem é? Não quero ver ninguém. Não percebem isso? – gritava Joana chateada.
A campainha continuava e ao fim de uns largos minutos, lá ganhou vontade e conseguiu levantar-se e abrir a porta. Era sua mãe. Desde que a tragédia tinha acontecido que a sua mãe a visitava todos os dias com um prato de comida tentado, no meio de tudo, não perder sua filha também.
- Joaninha, filha, cada vez estas pior. Olha para essas roupas. Tens de tomar um banho, come qualquer coisa. Olha o que te trouxe, a tua comida preferida e para sobremesa tens um bocadinho de bolo de chocolate. Anda comigo.
De nada as palavras mudaram a atitude de Joana, esta ao se aperceber que era sua mãe virou costas e dirigiu-se para o quarto. Sentia-se mais perto de Anita e nada mais lhe importava agora. Perdera a pessoa mais importante para ela.
- Não sei para que vieste, já te disse que não preciso de ti.
- Eu sei que precisas Joana. Já olhaste para ti? Perdi a minha neta, não me faças passar por tudo de novo, não te quero perder também.
- Vai-te embora e deixa-me.
Margarida, mãe de Joana, começava a sentir os olhos molhados. Estava prestes a chorar mas não o podia fazer em frente a sua filha, já tinha passado por muito, tinha que se mostrar forte, mostrar a filha que tinha alguém ali em quem se podia apoiar, com quem podia contar.

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