quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

- Eu não sabia o que ia fazer para a ajudar. Esperei que ela se acalmasse. Fomos comer qualquer coisa e levei-a a casa. Ela tentou enganar os pais, disse que já tinha comido comigo e que estava com imensos trabalhos para fazer. No dia a seguir foi o dia em que tudo aconteceu. Ela chegou a minha beira de manhã e disse que tinha uma solução para tudo. Ficamos de nos encontrar no fim das aulas a beira do mato da casa dela, o sitio onde nos encontrávamos sempre os dois.
- Porquê no fim das aulas? - perguntava António.
- Acho que a Anita já tinha tudo planeado. Se eu e ela faltássemos as aulas depois a policia e mesmo vocês iam concluir que estávamos juntos e ela não queria isso. Cheguei ao mato e já estava ela. Estava sentada no chão com uma carta na mão e chorava imenso. Eu nunca tinha conhecido a Anita assim e aquilo mexia muito comigo. Perguntei-lhe como é que íamos resolver as coisas e ela começou a falar: "- Eu estive a pensar e só vejo esta solução. Vou matar-me Pedro. Eu não quero dar esta desilusão aos meus, eu já não tenho futuro assim. E descobrir que eles não são meus pais? Então quem são? Porque é que me mentiram? Vivi sempre numa mentira e isso magoa tanto saber. Doí-me tanto o coração Pedro e não consigo parar de chorar. Sempre fui tudo aquilo que eles quiseram. Eles porque não são mais que sim. Nem sei o que me são. Estranhos. Escrevi uma carta para eles mas quero que a guardes tudo. No dia em que fizer um ano que morri e isto tudo já tiver esquecido quero que a entregues mas de uma forma a que eles não percebam que estiveste comigo. Depois tenho uma  carta na mochila para ti.Quero que a leias quando estiveres sozinho. Eu amo-te e quero que saibas disso. Quero-te pedir que isto seja o nosso pacto. Quero que me prometas que mais ninguém vai saber disto. Ninguém Pedro. Quero que estejas aqui porque me dás força e segurança."

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